03/08/2015

Do anticomunismo de cada dia e os monstros que dele emergem

(Fomos, somos e seremos comunistas.)

 Há uma característica que une toda a súcia de conservadores, liberais e teóricos burgueses: o anticomunismo. E que nem sempre aparece como tal, é bom lembrar. Termos eufemísticos como "defesa da democracia" e "defesa da liberdade" estão sempre aí calhordamente sendo proferidos calcados na perspectiva de manutenção do status quo e, deste modo, da naturalização da exploração de classe. E alocados sempre como o que seria uma defesa antagônica ao que o movimento comunista representaria.

Não se discute, por exemplo, que liberdade há para alguém que passa fome, cuja a simples existência é negada. Ou o que seria democracia quando, em todos os países submissos ao capital e à forma liberal de democracia, os rumos da economia e das políticas públicas são delimitados àquilo que um punhado de gente poderosa impõem. Isso não entra em debate, é claro. O problema é quem questiona a propriedade privada. Ou a verdadeira injustiça -- do pai que trabalha todos os dias, que sai de casa às 05 da manhã e chega em casa surrado às 22 horas, superexplorado, brutalizado e que nem mesmo uma vida digna pode ter ou dar aos seus entes; ou a mãe que trabalha fora e em casa, subjugada pelo machismo, pelo moralismo, ganhando menos que um homem ganharia e com uma vida de frustrações, desesperança, medos e violências.

Isso pra essa gente não importa. E nunca vai importar, não nos enganemos.

Durante minhas andanças por manifestações e por movimentos políticos de caráter esquerdista não foram poucas as pessoas que encontrei e que nutriam antipatia pelos termos "comunismo", "marxismo" e, sobretudo, "ditadura do proletariado". São muitas as questões que ajudam a explicar, é claro, desde a propaganda burguesa, que não cansa de nos criminalizar, nos imputar os maiores crimes e de desinformar, como quando confundem terminologias -- o caso do termo-conceito ditadura, até mesmo a ignorância típica do pensamento pequeno-burguês que tem pouca ou nenhuma compreensão dos efeitos dramáticos do capitalismo, e que por isso acredita no reformismo como limite para ação do proletariado e dos demais setores revolucionários.

Para essas pessoas, que negam a compreensão da totalidade do processo histórico, pois educadas no idealismo pós-moderno, que fragmenta fenômenos sociais e tenta entendê-los à parte do todo, há a crença pueril de que uma sociedade em que há divisão de pessoas em classes, que joga todo dia na cara de cada um que você vale o que você tem, que uma aberração dessas poderia fazer gerar seres humanos com empatia, solidários, com boa educação formal e um bom lugar bom para se viver.

E toda essa postura de negligência para com as denúncias que precisam ser feitas e levadas à sério contra o capitalismo, sistema que transforma a todos em coisa, nos reduz à mercadoria, tem gerado uma vastidão de monstros (de criminosos comuns a fascistas em série) e que nada mais são do que fruto dessa sociedade e do modo como ela se organiza, sendo o capitalismo seu aspecto central -- e por isso norteador e limitador de todas as formas das relações humanas aí encontradas.

A esquerda que afirma não temer dizer seu nome também precisa ter coragem de afirmar o que rejeita. E apontar caminhos. E esse caminho não é o reformismo.



Nenhum comentário: