12/08/2015

"Fora Dilma" é um grande erro

Muitos grupos de esquerda têm repetido a cantilena da direitona e pedido o "Fora Dilma". Ninguém é tolo o suficiente pra achar que a gestão petista é maravilhosa. Ou acreditar que a retirada de direitos dos trabalhadores, a colocar em seus ombros o peso de uma crise capitalista, seja questão de importância menor. Não é.

No entanto existe um ponto fundamental em qualquer análise. Chama-se... rufem os tambores... conjuntura! Não é possível agir com correção sem compreender bem o teatro no qual atuaremos. E é esse um aspecto para lá de fundamental em um momento tão historicamente determinante.

Estamos em um final de ciclo, que acredito eu não ser só petista, pois a cotação do PSDB também é muito baixa e o seu partido, embora poupado de críticas, não consegue direcionar as manifestações de cunho conservador que apareceram. E são PSDB e PT os dois grupos políticos que centralizaram as disputas em âmbito nacional durante a Nova República, em um presidencialismo de coalização de reformismo conservador em alianças com grupos remanescentes que se consolidaram durante a autocracia-burgo militar.

E nesse ponto eu estou de acordo com o filósofo Vladimir Safatle quando o mesmo aponta para o fim da Nova República, que vai se manter por mais alguns anos, mas sempre com caráter zumbi, com baixa legitimidade popular e manutenção dos vícios políticos.

E entender isso faz-nos perceber que o grito "Fora Dilma" é uma cilada para o qual apenas o movimento da direitona, por sua força agora e o recrudescimento conservador momentâneo, com amplo apoio da mídia, tem possibilidades concretas de impor suas "soluções" -- que serão ainda piores que as adotadas pelo PT.

Daí que eu espero que toda a esquerda, assim como deixou público o PCB, se valha dessa orientação e não encampe gritos "Fora Dilma" e pautas já lançadas pela direita que são apenas ferramentas para enfraquecer mais e mais a situação. Contra as medidas de austeridade sempre, do lado da direita, nunca.



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