29/02/2016

Cientista político da ESPM esclarece: se não é aliado aos EUA, é ditadura.

Tio Noam tem razão.
Depois de meses liguei o rádio na CBN para ouvir outra coisa que não futebol (que era muito bom e estragaram unindo com a Globo/AM, voltada para um outro perfil. Mas assunto para outro texto). Estava o cientista político da ESPM, o senhor Heni Ozi Cukier (graduado nos EUA e mestre em  International Peace and Conflict Resolution).

Em cinco minutos, o "excelso especialista" questionado sobre os problemas globais da "democracia" na atualidade, disse que a América Latina viveu anos de degradação da democracia com governos populistas (antes isso aqui devia ser lindo!), mas que a exemplo da Argentina recentemente, pontuou, a região deve voltar a ser democrática. Falou em países governados por ditadores e citou, na ordem, China, Rússia, Coréia do Norte, Venezuela, Cuba, Chile e Bolívia (até o Chile? Juro que ouvi, mas fiquei na dúvida, pois não é comum no discurso direitoso). Tornou a citar a Argentina como exemplo de "volta à democracia".

Questionado sobre a situação do Brasil, disse que o problema aqui é semelhante ao dos vizinhos: esgarçamento da democracia por meio de controle político das ditas instituições republicanas, um modelo populista que nos teria trazido a crise e por isso o governo cada vez mais interfere nas instituições tornando-as antidemocráticas (sem citar como, por exemplo). Fiquei com a dúvida se Bush também teria sido um populista que trouxe a crise para os EUA. Ou se o Macri não se encaixaria perfeitamente nesse conceito rasteiro de populismo (leia aqui).

Terminou criticando de novo a Rússia e a sua posição no conflito da Ucrânia pra reafirmar os problemas da "democracia" no mundo. Em algum momento citou a Arábia Saudita como exemplo de ataque aos Direitos Humanos, mas sequer chegou a citá-la enquanto uma ditadura quando se trata da mais terrível autocracia teocrática do mundo. Lembremos que tal país é aliado importante dos EUA.

Para resumir a entrevista: se é aliado dos EUA, é democrático; se não é, é ditadura. A Casa Branca já teve porta-vozes mais eficientes e com discurso um pouco menos raso. E é melhor eu sintonizar a CBN só pra ouvir algo relacionado a futebol, mesmo. Não tenho muita paciência pra discurso pronto e ruim.

Em tempo: os problemas nas ditas democracias-liberais vão muito além da retórica ideológica propalada acima pelo tal especialista. E já devo ter abordado isso aqui em algum momento.