13/08/2015

Torturra: tentativa de defender políticas do planalto causa vergonha alheia

*Por Bruno Torturra:

Governo apresentou, pediu urgência e ajudou a aprovar um projeto que criminaliza parte de movimentos sociais, desobediência civil e estratégias de protesto como terrorismo.
Alguns pontos.

- O Brasil, felizmente, nunca foi alvo real de organizações terroristas. Mas é vítima, sim, de uma mortalidade civil equivalente a uma guerra sangrenta. A crise de segurança pública, homicídios, crime organizado e execuções praticadas por policiais são questões gravíssimas. Demandam ações políticas profundas. Estamos reformando polícias? Revendo política de drogas? Desarmando a população? Refundando o sistema carcerário? Não. Estamos tipificando terrorismo. E criminalizando gente que luta, inclusive, contra a violência de Estado. Essa que, para milhões de brasileiros pobres e negros, representa verdadeiro terror.

- Temos uma presidente que até hoje é desqualificada por cretinos como terrorista. Tudo porque, em tempos nefastos, ela lutou corajosamente contra a ditadura que definia suas atividades como terrorismo. Daí seu apelido auto conferido: coração valente. Que hoje não tem coragem de olhar seu próprio passado.

- Vivemos não a capitulação, mas a submissão estranhamente não constrangida de um governo - que se construiu sobre um imaginário de esquerda - ao programa da direita mais medíocre e entreguista. Um governo que foi forjado por décadas de rua, confronto a leis injustas, pelo não conformismo. E que apelou para movimentos de natureza semelhante quando precisou de força para se reeleger.

- Eu já andava com vergonha alheia dos movimentos de esquerda que insistiam em racionalizar uma defesa ao planalto. Como se as escolhas do governo, com todos seus defeitos, fossem as únicas possíveis. Depois dessa, que acordem de uma vez. Ou sigam abraçados à Dilma nessa trágica deriva ideológica.

* Bruno Torturra é jornalista e o comentário foi feito em sua página no Facebook.

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