O limiar.

(Nós existimos) Há muito tempo que vinha a pensar na hipótese de ter um blogue, mas além da falta de motivação, inexistia também um objetivo. Pra quê ter um espaço só meu para escrever? Há uma pletora de blogues, sítios, portais, enfim. São infindáveis as opções na internet, hoje - e que bom que é assim, não é?

 No entanto, se olharmos com mais atenção, para além de espaços que difundam o pensamento mainstream, o que nos resta? Não muitas opções. E dentre essas é quase inexistente -- pelo menos no Brasil -- qualquer olhar a partir da ótica comunista-marxista para além de blogues políticos. E não, meus caros, a Carta Capital, o Paulo Henrique Amorim e nem o Léo Sakamoto são comunistas. São de esquerda, o que é diferente. Mas mesmo assim, a questão inicial não foi completamente respondida. Afinal, prá quê ter um espaço só "meu"? E de fato nada nesse sentido entendo como justificável. Daí a idéia do nome do blogue ser "Camaradas Comunistas": não será um espaço só meu, ainda que administrado por mim, mas de todos aqueles comunistas que quiserem se expressar. E aí vem o essencial: sobre qualquer coisa. Não apenas política, militância, História e assuntos comuns à vida universitária.

 O Comunismo, como se sabe, é uma ideologia -- aqui como acepção de conjunto de idéias -- política e socioeconômica. E comunistas, as pessoas obviamente adeptas a essas idéias, estão inseridos no mesmo mundo que você, caro leitor, ainda que muito dispersos e escondidos da opinião pública (opinião esta formada majoritariamente por meios de comunicação, quase todos comerciais e por isso contrários ao que defendemos). Ao comunista, quando muito, há espaço para debater política -- geralmente em programas de emissoras estatais. É como se para todo o resto o conjunto de idéias com base no marxismo e a análise crítica destituída da lógica do lucro não tivesse importância. Ora, nada mais pacóvio.

 É claro que em aspectos de análise subjetiva sobre temas esportivos, como por exemplo se time A ou B foi melhor, se técnico C ou D escalou corretamente a equipe, se o comentarista E ou F fez a melhor análise (algo que também será abordado aqui) a questão ideológica não terá peso. Mas isso não significa dizer que o entendimento do esporte como um todo não passe por uma lógica socioeconômica. Ou a imprensa - não só a esportiva. Ou qualquer coisa que seja.

 É daí que vem portanto a idéia de manter este espaço e encher-lhe de vida, com conteúdo variado. Eu espero que seja profícuo para seus devidos fins: o de entreter, sim, mas também informar, educar. E dizer sempre: um outro mundo é possível, sim!

 À luta, camaradas!

 Ass: Wanderson Marçal