11/12/2014

Comunismo e Liberdade

(Fi-lo porque qui-lo) Há ainda vivo na memória de tantos no leste da Europa os tempos da "Cortina de Ferro", do socialismo soviético. É claro que nem tudo foi ruim, como muitas vezes faz parecer a imprensa burguesa ocidental (dentro de sua pluralidade), que não cansa de repetir as críticas aos fatores negativos (o que é correto, claro, afinal a História não deve ser apagada!), mas omite fatores positivos que, mesmo que não salvem a imagem geral do regime, poderiam proporcionar ao leitor/espectador uma ótica mais real dos fatos.

 No entanto, para além do intento de salvar e trazer à vida o defunto como muitos ainda anseiam, um terrível erro em meu humilde entender, é preciso compreender os limite daquela experiência e olhar para frente. Se a primeira metade do século XX foi marcada por regimes totalitários (nazi-fascistas) e outros em que a liberdade foi cerceada (União Soviética), o segundo trouxe à tona lutas pela liberdade de minorias e pela democracia. Tanto na África, Ásia, América Latina como na Europa. Compreender estes eventos é de fundamental importância pra chegar aquilo que ansiamos: o comunismo, como meta final, e o socialismo, como objetivo premente.

 Não é mais factível pensar em planificação econômica sem liberdade de expressão e ação política. E isso obviamente não significa dizer que as experiências socialistas que até aqui tivemos nada podem legar de positivo. Esta é uma falsa dicotomia que em pouco corrobora com a luta dos povos, do proletariado, por sua emancipação e decorrente fim da opressão. É preciso avançar. E fazê-lo requer muito senso-crítico: inclusive a trazer para o movimento críticas que a oposição ideológica faz.

 No plano político das discussões dentro da República no Brasil, cujo espaço para movimentos revolucionários foi sensivelmente arrefecido nas últimas duas décadas, é comum troca de acusações entre os que se dizem de esquerda, de centro, de direita e uma parcela que nega mesmo a existência desse espectro ideológico, mais notavelmente os "verdes", com a agora figura de Eduardo Jorge à frente (que recentemente se uniu às marchas da extrema-direita, embora faça pesadas críticas aos marxistas e "extremistas", provando uma vez mais a hipocrisia e cegueira de quem no passado trabalhou para a gestão Kassab e que posa como "moderno").

 Contudo é claro que essa discussão nos interessa, pois estamos inseridos nesse contexto político. Mas é muito mais importante não se deixar cegar por ela, uma vez que quase sempre os limites de sua existência se resumem à chegada ao poder e a administração da máquina dentro das regras jogo capitalista. E administrar a desigualdade, o capitalismo, não é e nem pode ser nossa causa. Estamos em oposição a isso e acima disso;

 E é por isso que é peremptório desde já vislumbrar o futuro. E nele não poderá coexistir socialismo e opressão. Socialismo e ausência de liberdade (aqui liberdade em sua essência, e não de consumo como é no capitalismo). É por isso que esta pauta de discussão dentro dos movimentos revolucionários - para muito além de disputas político-partidárias - deve estar sempre presente dentro dos movimentos. Como membro do PCB, o Partidão, tenho notado este esforço. Espero que os leitores, militantes do PCO, PSTU, PC do B (aquilo que ainda resta de socialista nele) e tantas outras agremiações procurem se juntar a esta luta. E compreender que ela está acima de disputas e divergências de leitura - daí também um convite e uma busca à unicidade dos comunistas.

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