03/05/2015

Notas improfícuas

Hoje é Domingo, um dia mais leve para a maioria das pessoas, e eu gostaria de pontuar em tópicos alguns temas periféricos que talvez mereçam algumas considerações:

Rachel Sheherazade no Pânico

A jor-mau-lista Rachel Sherazade do SBT e da Jovem Pan esteve no programa Pânico da rádio e foi seriamente criticada por Emílio Surita, que chegou a compará-la ao Bolsonaro. Outros da bancada não perdoaram e usaram um tom acusativo. A moça, que parece ser refém da própria ignorância, ficou surpresa com as falas contrárias à sua pessoa. Eu também ficaria... se não conhecesse quem comanda aquela rádio.

Embora o Pânico e sua trupe tenha uma certa independência em relação à emissora, já que se transformaram em algo maior que ela, ali não tem ponto fora da curva. Ataques daquela forma à Sherazade não seriam feitos se não houvesse algo anterior. O que fiquei a saber é que a emissora perdeu patrocinadores em 2015. Desde que resolveu adotar a linha jornalística da direitona que beira o fascismo e cujo o símbolo de maior ponderação é Marco Antonio Villa (!), o setor comercial por lá desandou. E como a gente sabe que na imprensa burguesa a opinião vale o quanto se paga por ela, cabeças começam a ser minadas.

Globo 50


A Globo completou 50 anos Domingo último e realizou uma série de ações pra comemorar a data. No jornalismo, como não deixaria de ser, chamou atenção a tentativa de colocar a emissora como vítima da censura durante a autocracia burgo-militar que foi instaurada por meio de golpe em 64 e que foi grande responsável pela ascensão meteórica dos Marinhos e seus conglomerados, recebendo verba pública e proteção concorrencial por meio de leis. Vários nomes da casa -- e de peso -- foram convocados pra reafirmar essa retórica absolutamente mentirosa.

Por outro lado... várias manifestações foram realizadas atacando o império dos Marinhos e pedindo a democratização da mídia, que o governo do PT engavetou uma vez mais. Blogues e perfis petistas no tuíter comemoravam a crise da Globo com a audiência. Nada mais equivocado, porém.

Como a coluna do Mauricio Stycer na Folha bem demonstrou, a Globo pode passar por um momento ruim na audiência, mas nenhuma outra emissora a ameaça. Pelo contrário: fora da tevê, a Globo é a que está mais preparada para avançar sobre outras mídias: é a que mais produz conteúdo; tem um aparato gigantesco que vai da Globo filmes à central de novelas; uma série de acordos com as principais empresas responsáveis por distribuir formatos; e enorme alcance com portais e canais tanto na internet quanto nas tevês por assinatura.

Sem a concorrência de um conglomerado internacional, a tendência é que a diferença da Globo para as demais, conforme a tevê aberta fique obsoleta, é aumentar. E muito.

Palco do Bolsonaro e Feliciano et caterva: a esquerda das redes sociais

Nem em seus melhores sonhos a turba fascistóide imaginaria que teria um palco tão bom para seus shows particulares e, deste modo, alcançar público, audiência e, claro, sufrágios: a esquerda das redes sociais, que faz de tudo pra deixar essa turba em evidência. À menor flatulência dessas coisas asquerosas, lá estão os de sempre destacando mais e mais essas figuras deprimentes. E geralmente com argumentos toscos, não raro preconceituosos ou inócuos, como ad hominem e pontos que fazem da coisa apenas uma troca de acusações sem uma verdadeira desconstrução das idéias absurdas por essas figuras propaladas.

Nisso, aliás, vem se destacando a jornalista Cynara Menezes, por quem tenho até um apreço pela boa qualidade da sua escrita -- sim, algo raro no jornalismo, hoje --, mas que fez da cruzada contra "coxinhas pelo governismo" seu objetivo de vida. Nada mais deprimente, chulo e decadente. A briga que a mesma protagonizou com Rachel Sheherazade é de envergonhar a própria e seus leitores -- deveria, pelo menos, mas eu duvido. Uma coisa assim tão baixa que barracos em programas sensacionalistas costumam ter um pouco mais de nível. Isso não é política. Não é discussão política. Isso é apenas baixaria.

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