13/05/2015

Jornalismo no Brasil: o banditismo social acima das leis.

Há algum tempo eu estava a perceber-me um pouco irritado. Além do estresse natural da vida caótica nos grandes centros urbanos, outra situação estava a me chatear imensamente: as distorções as mais absurdas que ouvia, lia e via a partir da grande mídia, oligopólios controlados por seis famílias, algo em torno de 70% de todos os meios de comunicação no Brasil.

Pois eu simplesmente parei de acompanhar. Não dá pra assistir a Globo News e ver especialista-amigo do William Waack a falar que o petróleo e outros setores estratégicos do país deveriam ser privatizados quando nem mesmo nos EUA o Estado abre mão do controle dessas áreas. Não dá pra aguentar passivamente essas pessoas clamarem contra o monopólio de determinadas áreas estatais quando os próprios meios de comunicação nos quais trabalham -- e não como simples funcionários, mas porta-vozes dos donos -- formam um grande oligopólio em que as Organizações Globo, acima de todas as demais, têm plenos poderes sobre todo o mercado, vide a dificuldade de empresas do exterior se estabelecerem aqui (há várias leis do setor que datam da época da autocracia burgo-militar e que foram criadas exatamente para proteger as empresas da família Marinho).

 É muita canalhice. Mas é uma canalhice suportável, digamos assim, pois são assuntos em que a reação pública não é direta.

O problema maior é quando essa imprensa vil resolve atacar diretamente setores mais fragilizados, como foi o caso daquela senhora com diploma de jornalista do SBT. Ou quando Rezendes, Datenas et caterva por míseros pontos no ibope clamam a população à barbárie como forma de resolver problemas que só existem por falta de questões básicas como boa educação pública, por exemplo.

Isso é insuportável. É uma verdadeira desgraça.

Foi por isso que simplesmente parei de ver essas coisas. São como um soco no estômago: você estuda anos para compreender melhor problemas que não são de simples resolução, e um fascistóide, a desconhecer as normas mais básicas de qualquer coisa, apresenta soluções simplistas e desumanas e é tratado ainda como "amigo do povo". Não é fácil.


Mas o banditismo social da grande mídia não surfa apenas no extremo do fascismo. Ele vai em várias áreas, como a que me deparei ontem ao passar pela Rádio CBN que fazia uma matéria sobre ato de motoristas em São Paulo.  A jornalista com voz manhosa dizia: - A greve prejudicou (sim, não foi atingiu. Foi prejudicou, mesmo) não-sei-quantas-mil pessoas. Impediu que pessoas chegassem a tempo no trabalho, hospitais (Como ela sabe? Saiu perguntando pra cada um? Impedir é o mesmo que não deixar fazer. Não existe só ônibus pra se locomover em São Paulo). E para completar o roteiro conhecido, colocaram uma mulher alheia aos elementos mais básicos da nossa Constituição burgo-liberal pra comentar, a dizer que aquilo era uma vergonha, falta de respeito com o trabalhador e todas aquelas coisas de sempre. Tudo pra criminalizar o direito de greve, que está garantido na Constituição.

O que dizer diante de coisas como essa? É ou não uma atitude criminosa?

O jornalismo no Brasil, sobretudo o policial, econômico e social é essencialmente composto por mercenários que fazem o trabalho sujo para os donos das emissoras nas quais labutam. Muitos, inclusive, fazem com gosto. Tenho vários amigos jornalistas -- mais da área de esporte, mas alguns de outras áreas -- que contam como as redações tendem em 90% das vezes a convergir com a visão anti-povo de quem a controla. E como essa gente aplaude com ardor editoriais que convoquem a PM a reprimir e até a sequelar se for o caso -- vide 13 de Junho de 2013.

De onde concluo que é impossível pensar em um país melhor com essa turba, que fazem banditismo social, a ter poder de voz sem nenhum tipo de contestação. Essas pessoas são inimigas do povo, das bandeiras populares e de um mundo mais justo, igualitário e fraterno, onde a democracia seja um fato e não apenas um ideal distante restrito a normativas legais.

A grande imprensa é um covil de abutres. E como diria o hino dos trabalhadores: "se nos faltarem os abutres, não deixa o sol de fulgurar".



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