A felicidade é apresentada como um fator importante na Filosofia desde que ela se tornou predominante como método de discutir e conhecer o mundo. Mas a discussão sobre ser feliz é bem anterior à Grécia Antiga e pode mesmo ser encontrada nas tradições orais depois transcritas, como se nota com a leitura de livros religiosos como a Bíblia e o Corão. A felicidade, portanto, é um tema pois peremptório e intrínseco à história humana, mas sempre com importantes distinções e que muito esclarecem sobre cada povo e os tempos por eles vividos.
Uma das distinções básicas do entendimento em Grécia Antiga do que simbolizava a felicidade pode ser compreendida quando a mesma é vista como ideal a ser atingido em Epicuro, por meio dos prazeres; ou como condição moral, a virtuosidade, em Platão. No entanto, mesmo diante do debate da plenitude, havia a consciência da decadência natural de uma sociedade injusta: um famoso provérbio grego dava conta que "A melhor das coisas é não nascer", afinal a vida carrega desde os seus primeiros instantes a relação dialética de ganhar e perder. E por vezes se perde muito mais do que se ganha.
Não é a toa
que a visão filosófica sempre marginalizou versões totalitárias do
conceito felicidade, muito em voga no senso comum moderno, uma espécie e busca pelo Jardim do Éden na Terra a ser alcançado com
trabalho, disciplina calcada na moral protestante e fé bondosa do cristianismo primitivo. Mas, como diria o
sábio Odair José, a "felicidade não existe, o que existe na vida são
momentos felizes". Uma lição básica, exposta em uma música popular de sucesso, mas pouco entendida em um mundo
pouco virtuoso e que os prazeres são atrelados meramente ao consumo. Nada mais
infeliz e degradante pois que uma sociedade que compra presentes caros pra
mostrar o valor da amizade ou de um compromisso amoroso. É a antítese do
que deve, ou deveria, ser uma boa amizade ou um bom romance, cujos valores de
interesse deviam estar contidos nas pessoas e não nas coisas por elas
adquiridas.
Como já diria Marx, o maior filósofo da contemporaneidade, "a desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas." É exatamente o que presenciamos, algo que não dialoga nem com a felicidade de Epicuro, dos prazeres, de se ligar ao outro e nem com a de Platão. Muito menos com a de Sócrates, para o qual ser feliz era, em essência, ser justo.
Vivemos portanto em um mundo absolutamente infeliz, inclusive por suas próprias regras a respeito do que deveria ser felicidade, e que o número altíssimo e crescente de depressivos, a doença das sociedades capitalistas modernas, vem apenas a escancarar do modo mais difícil e doloroso possível -- sobretudo pra quem perdeu um ente para esta enfermidade.
Como já diria Marx, o maior filósofo da contemporaneidade, "a desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas." É exatamente o que presenciamos, algo que não dialoga nem com a felicidade de Epicuro, dos prazeres, de se ligar ao outro e nem com a de Platão. Muito menos com a de Sócrates, para o qual ser feliz era, em essência, ser justo.
Vivemos portanto em um mundo absolutamente infeliz, inclusive por suas próprias regras a respeito do que deveria ser felicidade, e que o número altíssimo e crescente de depressivos, a doença das sociedades capitalistas modernas, vem apenas a escancarar do modo mais difícil e doloroso possível -- sobretudo pra quem perdeu um ente para esta enfermidade.
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