15/04/2016

Não é possível conciliar.

Parece ser favas contadas que a presidente Dilma será derrubada em um processo de impeachment coordenado por forças reacionárias. A pergunta que fica diante disso é: como o pessoal reformista pretende se eleger, fazer as reformas que precisam ser feitas, o que o PT não fez, e mesmo assim se manter no poder?

Explico: o PT nestes anos todos nunca ousou mexer nos interesses dos capitalistas. Tudo, pelo contrário, foi em prol de reafirmar ainda mais o Brasil como um país capitalista capaz de prover lucros exorbitantes para o topo da pirâmide. No entanto, ao sinal da primeira crise, uma presidente eleita está prestes a ser apeada do poder sem nenhuma justificativa legal (e lembremos que as leis também têm caráter de classe).

Está cada vez mais claro que com a nossa burguesia não há diálogo. Se mexer com ela, mesmo que minimamente, já era. Não há conciliação possível sem que os daqui sempre tenham que pagar a conta dos que estão lá; os trabalhadores pagando a conta pela crise do sistema que existe para favorecer os patrões.

Isso já era perceptível no século XIX. Marx não era dotado de nenhuma característica sobrenatural quando afirmava que o reformismo era incapaz de lidar de forma satisfatória com as crescentes contradições que envolvem o capital e o trabalho nas sociedades capitalistas. Ele apenas enxergava o que era passível de ser visto. E o acúmulo de experiências neste período (para citar só três, a Comuna de Paris em 1871; Goulart em 64; e Allende em 73 -- três experiências diferentes, mas que, em menor ou maior grau, batiam de frente com interesses das respectivas burguesias) mostrou serem acertadas as suas conclusões.

A democracia burgo-liberal é um mero eufemismo um tanto bonito, mas carente de significados para embelezar essa forma de ditadura da burguesia, que é quem de fato manda e dá as cartas no Estado que é seu e que ela bem o sabe. Contra o Estado burguês por um Estado do proletariado é a única saída razoável, factível. Não há meio termo e isto está o suficientemente claro. Ou eles, os capitalistas, ou nós, os trabalhadores. O mito do republicanismo no seio do Estado burguês está devidamente sepultado.

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