14/03/2016

Avaliação dos atos anti-PT no RJ

*Por Luiz Oliveira e Silva

Fui à manifestação do Rio, em Copacabana. Do que pude ver, digo o seguinte, supondo que a manifestação carioca seja representativa do que aconteceu nas outras cidades.

Os fatos que observei:

1. Manifestação numericamente de peso, mas com um perfil de classe bem definido. Os manifestantes eram, em sua esmagadora maioria, gente do que se costuma chamar de “classe média branca”.

2. Repúdio à corrupção, a Lula, a Dilma, ao PT.

3. Bandeiras do Brasil e camisas da CBF em profusão.

4. Ausência de políticos da oposição de direita.

5. Manifestações de apoio ao juiz Moro e à operação Lava-jato.

6. Carros de som do “Movimento Brasil livre” e do “Vem pra rua”.

7. Os discursos provenientes destes carros de som, em geral, eram próximos da histeria, nada mais que isto.

8. Exotismos diversos: estandarte da TFP, um grupo de militares fazendo flexões freneticamente aplaudidos (juro!), senhoras com vassoura na mão etc.

Comentários quanto a estes fatos:

1. A velha estratégia da antiga UDN de associar a corrupção à esquerda continua empolgando apenas a classe média tradicional. Na prática, o discurso anticorrupção esconde o ódio de classe e o repúdio à esquerda. A conhecida tese do PTB antigo de que o povão não liga para o tema da corrupção parece confirmada.

2. O uso intensivo das bandeiras do Brasil e das camisas da CBF, associado ao ódio de classe, mostra que a classe média tradicional continua considerando o país apenas uma ideia abstrata, sem povo, isto é, com os pobres segregados.

3. O juiz Sergio Moro, por falta de concorrentes, é o atual Carlos Lacerda da classe média tradicional.

4. Os grupos “Movimento Brasil livre” e “Vem pra rua” são bons de barulho mas muito ruins de política. Dificilmente produzirão uma liderança de peso. São toscos. Caso Moro continue na magistratura, continuarão órfãos na política institucional.

Comentário sobre o momento atual:

1. O bando que tomou de assalto a direção do PT chegou à conclusão de que só seria possível ganhar a presidência fazendo “o que todos fazem”.

2. Retomaram o velho mote do trabalhismo de que o povão não liga para esta história de corrupção. E enfiaram, gostosamente, o pé na jaca.

3. Esta mudança radical no petismo foi bem sucedida eleitoralmente.

4. Lula assumiu o poder com cerca de 85% de aprovação.

5. Lula quis manter estes altos índices de aprovação. Governar para todos passou a ser o lema do lulopetismo.

6. O que significava inclusão social via políticas afirmativas, aumento real do salário mínimo, transferência direta de renda, e manter inalteradas as estruturas de poder, na economia, na política, na mídia.

7. Isto só foi possível durante o boom das commodities.

8. Finda a festa chinesa, o lulopetismo entra em crise. Governar para todos já não era mais possível.

9. Alguém tinha que pagar a conta dos ajustes necessários.

10. Segundo a cartilha do velho PT, este alguém teria que ser aqueles a quem nunca foi cobrado nada.

11. Mas o velho PT já não existia mais. A atuação do bando que tomou de assalto a direção do partido o transformou em mera base de sustentação, servil e acrítica, de Lula e do governo.

12. Enfraquecido o PT, a parte da direita que está fora do governo quer se valer da crise para retornar ao poder.

13. Eles já conseguiram fazer com que o governo assumisse o seu programa econômico.

14. Com o aprofundamento da crise, e com a classe média fazendo barulho nas ruas, eles querem mais...

15. O velho trabalhismo, o velho udenismo, a velha classe média...

16. O passado insiste em nos atormentar.

17. E no entanto se move. Quem viver, verá...

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